A dermatite das fraldas ou assadura é a dermatite mais comum da infância, com prevalência de até 35% nos primeiros 2 anos de vida, triplicando em bebês com diarréia. Bebês em fase de aleitamento apresentam uma incidência ligeiramente menor, possivelmente devido à natureza menos ácida de sua urina e fezes. Alguns estudos calculam que a dermatite das fraldas seja responsável por cerca de 20% das consultas ao Pediatra".
Introdução
O termo dermatite das fraldas (DF) é utilizado para descrever diversas alterações inflamatórias da pele que podem ocorrer na área coberta pelas fraldas. As assaduras se caracterizam por vermelhidões nas nádegas, coxas e região genital do bebê e já tiraram o sono de muitas mães. Podem se relacionar direta ou indiretamente às fraldas em si, alergia ao sabão usado para lava -las, sapinho (ou miliária), ou infecção bacteriana da pele.
Em boa parte das crianças, não é possível determinar a exata etiologia das assaduras. A alteração pode resultar de uma combinação de fatores que têm inicio com a exposição prolongada às secreções (fezes e urina) contidas nas fraldas.
Exame da criança
O diagnóstico é essencialmente clínico. É importante registrar o início, a duração e os sintomas associados às assaduras. Antecedentes recentes como diarréia e uso de antibióticos assim como o tipo de fralda mais utilizado, também devem ser pesquisados.
A assadura comum, a miliária (aparece quando o bebê é agasalhado em excesso) e o intertrigo (ocorre quando as dobrinhas do bebê não são secas com cuidado, desenvolvendo uma irritação local, principalmente em pescoço, dobras de braços e dobras das coxas) em geral ocorrem após um episódio de diarréia e são exacerbados pelo uso de sabonetes. As margens da vermelhidão são pouco definidas. Algumas crianças podem apresentar elevações da pele e até mesmo bolhas superficiais. O quadro em geral desaparece cerca de 3 dias após o início de cuidados higiênicos mais diligentes.
Deve-se suspeitar de dermatite por Candida ou monilíase (conhecido popularmente como sapinho, que também pode acometer os genitais) naqueles pacientes cuja vermelhidão dura mais de 3 dias, apesar dos cuidados apropriados. Além disso, o rash da Candida é mais doloroso, provocando choro quando a criança urina, defeca e à troca das fraldas. Em alguns pacientes, existe relato de antibioticoterapia prévia recente. A assadura, embora irrite muito a pele e deixe toda a região avermelhada, é facilmente distinguível, para o médico, da monilíase, já que está última também apresenta lesões chamadas de "satélites" que são pontinhos separadas da grande região avermelhada central.
Quando concomitantemente o bebê apresenta sapinho na mucosa da boca, torna-se mais fácil o diagnóstico de monilíase, já que estes dois tipos de acometimento geralmente aparecem associados.
A assadura, secundária à infecção bacteriana, costuma estar associada à febre, drenagem purulenta e ínguas. É pouco freqüente e se instala sempre depois de um quadro muito prolongado de assadura, sem nenhum tratamento e também naquelas crianças que têm baixa de resistência
A dermatite atópica costuma apresentar coceira intensa. Ao exame físico, observa-se lesão avermelhada e de limites pouco definidos. A pele pode ser apresentar muito ressecada nos casos mais crônicos.
O diagnóstico clínico de escabiose ou sarna, freqüentemente não representa um desafio. As lesões vesiculares típicas possuem inicio abrupto, coçam muito e em geral existe uma história de contato com pessoas contaminadas.
Tratamento
Inicialmente deve-se intensificar os cuidados higiênicos (p.ex: aumentar a freqüência da troca de fraldas, manter a região o mais seca possível, preferir fraldas descartáveis superabsorventes e mais folgadas, deixar a região descoberta e exposta o máximo de tempo possível ao longo do dia, etc).
Outro cuidado recomendado é com a lavagem das roupas do bebê, que devem ser enxaguadas diversas vezes para não deixar nada de sabão. O sabão preferido para fraldas e roupas é o sabão de coco, por ser mais neutro. Amaciantes podem ser usados em pequena quantidade, se tiverem pouco perfume e o bebê não apresentar alergia a eles.
Para minimizar o contato da urina e das fezes com a pele, podem ser empregados cremes de barreira (p.ex: pasta de óxido de zinco, aplicada no local pelo menos 4 vezes ao dia). Em alguns poucos casos, pode-se empregar cremes à base de corticóides, mas nunca por mais de duas semanas e sempre com indicação médica.
Havendo suspeita de candidíase, indica-se pomadas à base de nistatina, miconazol ou cetoconazol. Estas pomadas devem ser aplicadas na área de dermatite, a cada troca de fraldas. Caso o bebê apresente também sapinho na boca, este deve ser concomitantemente tratado com nistatina ou outros antifúngicos locais.
Para infecções bacterianas leves, indica-se agentes tópicos (p.ex: bacitracina). Infecções mais severas podem ser tratados com antibióticos de amplo espectro
Conclusão
A dermatite das fraldas em geral é fácil de ser diagnosticada e tratada, mas deve-se sempre ter em mente alguns diagnósticos diferenciais importantes para não incorrer em equívocos. A maioria dos casos resolve completamente após alguns dias, com a melhora da higiene local. A candidíase pode consumir várias semanas de tratamento, para observar algum progresso nos pacientes com candidíase.
Fonte: Bibliomed