Pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) avaliou quais são os tratamentos que os planos de saúde mais se recusam a arcar com as despesas e descobriram que os procedimentos mais negados pelas seguradoras são a quimioterapia e a radioterapia, ambos para o tratamento do câncer.
Realizado pelo pesquisador Mário Scheffer, o estudo analisou 782 decisões judiciais relacionadas à exclusão de cobertura de planos de saúde, julgadas em segunda instância pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), em 2009 e 2010.
A análise dos processos mostrou que as negativas dos planos de saúde em arcar com as despesas do tratamento de câncer correspondem a 35,95% das ações judiciais avaliadas. No que se refere aos insumos, as órteses, próteses, exames diagnósticos e medicamentos foram os mais excluídos pelos planos de saúde.
“O que chega à Justiça é apenas a ponta do problema. Antes, muitos já tentaram solução junto ao plano de saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Portal do Consumidor (Procon), mas não conseguiram receber o atendimento do plano de saúde”, relata Scheffer.
O pesquisador diz que, diante da negativa das seguradoras e como esses tratamentos não são prescritos para casos de urgência, o mais comum é que as famílias e pacientes arquem com as despesas ou busquem tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), o que sobrecarrega a rede pública.
A boa notícia é que em 88% dos casos analisados a Justiça deu parecer favorável aos usuários, obrigando o plano de saúde a arcar com as despesas do tratamento. Enquanto, em apenas 7,5% das decisões, o juiz foi a favor do plano de saúde e negou a cobertura total ou parcial dos gastos. O pesquisador diz que a maioria das decisões dos processos analisados foi fundamentada no Código de Defesa do Consumidor, seguido da Lei dos Planos de Saúde (Lei 9656/98) e da Constituição Federal.
Fonte: Agência USP
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